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Mostrando postagens de janeiro, 2023

Literatura

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A percepção de que uma história bem contada pode transmitir e revelar a realidade de modo muito mais sincero e fidedigno do que a mais elaborada teoria filosófica foi crucial para que eu me voltasse com ímpeto para a literatura. Mergulhar no universo da poesia, mitologia, e das narrativas ficcionais foi a chave para que eu pudesse me aprofundar na linguagem, colher, acumular e deixar fermentar os elementos imaginários que servem de adubo e material de base tão necessários para a gestação de minhas futuras criações literárias. Sem toda esta lenta preparação seria impossível compreender o mundo real com clareza e minha própria realidade como ser humano, só agora, décadas depois, sinto confiança para voltar a me aproximar da colocação das questões fundamentais da filosofia e da busca teorética da verdade e da sabedoria. continua... Foto: Bairro do Campeche em Florianópolis, Santa Catarina / SC, Brasil, por Peter Canellov.

O poder da Imaginação

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Nem sempre nos damos conta do quão essencial e poderosa é a nossa imaginação. Nos levaram a crer que nossa imaginação é apenas faz de conta, invenção subjetiva. Que somente a análise racional de dados sensíveis poderia nos levar aos conceitos das coisas. No entanto os dados sensíveis que chegam até nós são sempre fragmentos isolados, e se nossa imaginação não fizesse o trabalho objetivo de completar as percepções brutas e assim vislumbrar a essência mesma das coisas, jamais poderíamos compreender a realidade que nos rodeia. Se ao vermos um ente não pudéssemos instantaneamente imaginar claramente suas potencialidades não manifestas, não poderíamos conceber o sentido mesmo de nossa realidade e humanidade. continua... Foto: flor vermelha sob raios de sol, por Peter Canellov.

Nossas ideias

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A norma moderna é aprendermos a pensar e conhecer através de construções mentais baseadas em imagens e signos que não tem relação com a realidade concreta. Vivendo em um mundo de conceitos abstratos que não são nossos, mas implantadas por nossos professores, tem-se a impressão de saber e conhecer, mas é um conhecimento vazio e sem significado real. Tais ideias não dizem respeito a coisas existentes, experiências perceptivas diretas, ou estruturas da própria realidade, mas apenas a certos estados de alma que representam nosso próprio ego repleto de auto-importância. continua... Foto: Peter Canellov e João na Lagoa. Foto por Leo Goifman.

Não regredir

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Na busca pelo conhecimento não se pode obter bons resultados sem um profundo conhecimento de base. É crucial um estudo prévio dos filósofos clássicos, como Sócrates, Platão e Aristoteles, assim como dos grandes expoentes da Escolástica que imbuídos da fé na busca da salvação da alma, alçaram a patamares de perfeição a sabedoria grega, à luz dos ensinamentos de Cristo. Este estudo é necessário para que estejamos a par de todas as conquistas intelectuais que elevaram o espírito humano a certos níveis de técnica e compreensão que não podem ser ignorados sem que com isto haja um decaimento para um nível inferior de consciência já superado por nossos predecessores. Foto: pôr do sol visto do canto da Praia Mole, em Florianópolis, Santa Catarina / SC / Brasil, por Peter Canellov com um Iphone 5s.

O Senhor

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Em tudo lá Algo há Que lhe faz se por Neste agora Algo que está E não está A toda hora Desaparece Foge aos meus olhos Mas permanece Foto: Nuvens coloridas no céu da praça, por Peter Canellov com um Iphone 5s.

Reconstrução fundamental

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Mais do que nunca precisamos reconstruir em nosso país uma classe de pessoas esclarecidas que tenham desenvolvido sua inteligência e alta cultura a certo patamar para que venham a ser os arautos despertos do povo, e que possam transmitir com clareza a realidade. Devo insistir neste ponto, somente o homem possuidor de alta cultura pode ter a sensibilidade necessária para compreender o que de fato está a acontecendo. Sem a bagagem intelectual que o conhecimento das obras literárias clássicas propiciam, o diálogo com os grandes escritores de sua língua, o indivíduo encontra-se em um nível moral inferior, no qual sequer pode compreender os acontecimentos e questões, e por mais bem intencionado que seja, só poderá produzir erros e insignificância. Foi dito que os três principais fatores de uma nação são a língua, a religião e a alta cultura. Mas só aquele que possui alta cultura pode conhecer verdadeira e profundamente uma língua. Do mesmo modo a prática religiosa sem um prévio aprofundamen

Delírio

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Retomando meu exercício de recapitulação dos momentos extraordinários da vida, devo mencionar meu delírio infantil. Estado de espírito notável e estranho que me acometia na calada da noite. Experiência angustiante, que só posso demonstrar com dificuldade como uma espécie de alteração da consciência que se situa entre a vigília, o sono e o sonho. Sua principal característica é possuir um ritmo e uma vontade inflexível e inquebrável, do qual não é possível de livrar. Num movimento contínuo de ondas ou como uma roda D’água ininterrupta, mas que, longe de ser tranquilizante, traduz uma força bruta que tudo esmaga e se assemelha a uma enorme pedra que rola montanha a baixo; um rolo compressor que não imprime nenhum sentido cognoscível. continua... Foto: pôr do sol atrás do morro, por Peter Canellov com um Iphone 5s.

Ciência e Cultura

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Na busca da sabedoria, o primeiro passo é cultivar o solo poético e literário onde crescem os materiais imaginários que serão as bases que possibilitam criar pontes entre nossos pensamentos e o mundo real. A leitura dos clássicos da literatura é imprescindível para se obter alta cultura, sem a qual a tarefa de colocar as questões fundamentais da filosofia será estéril pois seria como uma criança tentando correr antes de aprender a engatinhar. A prática de ciência por outro lado, jamais pode produzir inteligência e alta cultura, mas pelo contrário pode até mesmo ser um obstáculo. Cada ciência versa apenas sobre um recorte da realidade previamente estabelecido com objetivo de observar certos processos naturais desde o ponto de vista de uma premissa ou constante também previamente estabelecida por esta própria ciência. Seguindo este esquema tautológico, a prática científica é uma técnica que pode ser executada de maneira quase automática, até mesmo por um computador. Este método pode prod

Inteligência e bondade

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O ser humano inteligente deverá necessariamente possuir bondade, pois a inteligência é a capacidade de perceber e aceitar a verdade. A inteligência não é uma faculdade ou uma espécie de técnica de raciocínio, mas uma capacidade de reconhecimento da verdade na própria realidade. Diferente da astúcia em que o indivíduo busca decidir qual argumento é mais favorável para que ele possa atingir seus objetivos práticos independente de ser verdadeiro ou falso, o adepto da inteligência deverá se render ao conhecimento da verdade sem que seja possível nega-la. Por isto o homem verdadeiramente inteligente é sempre justo, honrado, e tem um senso moral superior. Ele precisa desenvolver continuamente a capacidade de reconhecer aquilo que de fato sabe com certeza, admitir quando seus conhecimentos são prováveis, apenas fazem sentido, são meramente possíveis, ou mesmo quando deve se abster de dar opinião ao se deparar com os obstáculos do desconhecido. Foto: Crepúsculo sobre a Lagoa, por Peter Canello

A importância da alta cultura

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Todo ser humano autêntico precisa necessariamente adquirir alta cultura, caso contrário não terá responsabilidade e autoridade para ser alguém, impor sua vontade, nem será capaz de dar uma simples opinião sobre qualquer assunto. Suas palavras não terão significado nem valor. Isto ocorre porque ao começarmos nossa jornada de vida em sociedade, somos influenciados pelas pessoas de nosso círculo familiar, amigos, colegas, professores, etc. Em um primeiro momento nosso objetivo é obter aprovação e como uma esponja, absorvemos todas estas influências mentais e emocionais e as imitamos até sermos aceitos plenamente nestes círculos sociais. Significa que nossas opiniões e concepções não são nossas. Não existe em nós originalidade nenhuma. Funcionamos como papagaios reproduzindo mecanicamente tudo que nos dizem. Quando alguém diz que tem espírito crítico e pensa com sua própria cabeça, pode ser uma frase bonita, mas é uma atitude totalmente falsa, pois ele não sabe exatamente qual a origem de

Do que exatamente estamos falando?

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Como ficou demonstrado em nossas investigações precedentes pode haver um hiato entre o acontecimento factual e seu testemunho oral. O fato ocorrido no tempo é diretamente percebido, mas ao narra-lo, o indivíduo pode não ser capaz de transmitir tal experiência real de maneira fidedigna. O narrador pode subtrair ou adicionar novos elementos ao discurso, construindo uma quadro abstrato enganoso. Tal engano frequentemente não é proposital, mas um erro. A experiência pode ser complexa a ponto de um testemunho sincero não ser capaz de fazer o ouvinte captar a realidade que o originou. Esta lacuna ocorrerá com mais frequência a medida em que objeto de que trata o diálogo seja mais universal. Se não estamos falando de um vaso quebrado, mas de sentimentos humanos, fenômenos sociais, ou de questões fundamentais do conhecimento, ainda assim os conceitos devem se apoiar em uma experiência perceptiva direta e real. O interlocutor terá que reproduzi-la em seu espírito, ao menos por analogia e com au

Lógica não produz verdade

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Agora digamos que eu me decidisse mentir para minha mãe e construir uma narrativa modificando os fatos reais. Sendo eu a única testemunha do acontecimento, a afirmação de que o gato fora a causa da destruição do vaso, não poderia ser facilmente impugnada. Deste modo a explicação falsificada pode ter sua lógica perfeitamente correta, e passar impunemente como verdade. Daí a enorme importância do testemunho sincero dos fatos reais que transcorreram no tempo, para a questão da verdade. Uma construção racional abstrata pode facilmente se camuflar por verdadeira sem que o seja, desde que este discurso seja verosímil e não auto contraditório. Significa que a lógica jamais pode ser uma ferramenta apropriada para se obter um discurso verdadeiro, ela apenas poderá atestar se o discurso é coerente. Foto: Pôr do sol na Lagoa da Conceição em Florianópolis, Santa Catarina / SC / Brasil, por Peter Canellov com um Iphone 5s.

Verdade como confissão

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Por que o testemunho de um acontecimento real é tão importante para a questão da verdade? Para demonstra-lo, relembro outra situação da minha infância. Quando brincando nas tardes em que eu ficava sozinho em casa certa vez quebrei um vaso de minha mãe. Ao chegar em casa a noitinha ela me perguntou o que havia acontecido. Neste dia eu lhe confessei a verdade, mas não nego que pensei em mentir para escapar do castigo, e cheguei a tecer a explicação de que teria sido nosso gato, ao saltar e esbarrar no objeto. Aí temos dois aspectos intimamente conectados, o acontecimento real, o fato do vaso ter sido quebrado. E a confirmação do ocorrido pelo meu discurso. O primeiro é pratico, factual e o segundo é descritivo ou conceitual. O aspecto discursivo que afirma e da testemunho da verdade do fato verdadeiramente ocorrido é também uma verdade e faz com que a pessoa que o profere se torne verdadeira. Foto: João na Fortaleza, por Peter Canellov com um Iphone 5s.

Verdade como testemunho

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 O próximo patamar da verdade e que considero o mais fundamental para a abordagem da questão é o do testemunho sincero de um acontecimento real relevante. Devemos rastrear em nossas próprias vidas um momento onde tal noção da verdade revelou-se a nós. Lembro-me por exemplo do tempo em que era criança e ainda não sabia andar de bicicleta. Durante as tardes eu estava empenhado em aprender, e quando no fim do dia minha mãe chegava em casa e me perguntava: E aí? Já conseguiu? Meu maior desejo era poder dizer que sim. E quando finalmente aprendi, eu estava exultante ao poder contar para ela a novidade. Ao dizer: Sim, agora sei andar de bicicleta, eu estava dando testemunho da verdade. Um acontecimento real que de fato tinha acontecido. Se no dia anterior diante da pergunta de minha mãe, eu tivesse mentido e dito que sabia quando ainda não sabia, logo eu teria sido desmascarado pois ela me pediria para mostrar. A criança tem muita imaginação e é capaz de mentir para por exemplo se livrar de

Ainda na trilha da verdade

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Ao me deparar com questão da verdade e não sentir, na época, confiança suficiente para atacar o problema de modo direto, me decidi a fazer um desvio... Consistia em começar uma recapitulação sincera. Uma autobiografia de todas as experiências vividas que de algum modo me despertaram o desejo de buscar e conhecer a verdade. Agora me dou conta de que este testemunho precisaria ser ainda mais profundo. Sondar não apenas os momentos em que desejei mentalmente saber a verdade, ou obter uma noção genérica de verdade. Mas todas as experiências e percepções relevantes onde o fenômeno da verdade em si, por mais básico que fosse se apresentasse. Quando na infância aprendemos pela primeira vez as regras de um jogo ou brincadeira. Descobrimos que dependendo de nossas ações específicas podemos obter resultados diferentes, mais significativos, que nos trazem satisfação e recompensa. Em seguida passamos a estar conscientes deste novo saber e assim repetir os mesmos esquemas para obter os mesmos resul

Comendo livros

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Para compreender um livro é preciso mais do que se ater somente ao texto em si, é preciso buscar a experiência existencial que no autor inspirou a vontade de escrever. Mais do que interpretar, colocar-se diante do objeto mesmo ao qual as palavras se referem e perguntar às próprias coisas se é assim ou não. Deste modo é possível ir muito além do dito, e descobrir uma ampla gama de significados que a primeira vista passam despercebidos. Começa-se a acessar os conhecimentos que não estão nas sentenças mas que estão de certo modo subentendidos em tudo que se diz. Este método fará com que se adquira aos poucos uma compreensão muito mais ampla e profunda do que a estrita análise limitada aos termos e conceitos. Por mais minuciosa e precisa que seja a análise linguística, ela é pobre comparada às experiências perceptivas de quem as vivenciou em primeira mão. O leitor tem um longo caminho na busca para reavivar em si mesmo, ao menos de maneira análoga e imaginativa, as percepções diretas que d

O Exercício Fundamental

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O exercício de perceber a presença real do ser não é apenas uma sugestão saudável de prática, mas uma necessidade absoluta. Sem isto qualquer espécie de construção idealista não passa de pura alienação subjetiva. Assim também toda ciência, ao recortar na natureza seu próprio campo de investigação e privilegiar a pesquisa desde o ponto de vista do próprio interrogador, não poderá jamais obter um conhecimento totalmente concreto e objetivo da realidade, mas apenas técnico. Toda ciência moderna tal como é constituída até hoje permanece limitada pelo subjetivismo abstrato e jamais poderá conhecer a realidade concreta do universo sem se abrir para a experiência de participação na presença real do ser. Do mesmo modo toda religião jamais poderá compreender e se relacionar com Deus sem antes exercitar a percepção direta da presença total do ser. Sem ela, Deus será apenas um conceito, uma ideia construída na própria mente do religioso. Por mais que ele se dedique ao estudo teológico e práticas

Autoridades Superiores

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Em nosso desenvolvimento educacional em busca da sabedoria, precisamos, em cada etapa, confiar em certas autoridades que nos servem de referência e nos ajudam a abrir as portas para os próximos patamares. É assim com nossa, família, colegas, professores, livros, etc. No entanto não podemos nos limitar e sim supera-las. Para se aproximar da verdade devemos ir além destas autoridades até começar a dialogar diretamente com os maiores sábios da humanidade. As opiniões dos sábios sobre os temas que pretendemos nos aprofundar são muito importantes e essenciais em nossa jornada. Platão, Aristoteles, São Tomaz de Aquino, Leibniz, Schelling, Husserl, se tornam nossas referencias e não mais nossos superiores na sociedade. Ainda assim há mais um degrau, uma mais alta autoridade; a própria realidade. Para extrair conhecimento da própria fonte que abarca e é o fundamento de toda a existência precisamos nos treinar para manter viva em nossa consciência a presença total do ser. Se não da totalidade d