Verdade como testemunho
O próximo patamar da verdade e que considero o mais fundamental para a abordagem da questão é o do testemunho sincero de um acontecimento real relevante.
Devemos rastrear em nossas próprias vidas um momento onde tal noção da verdade revelou-se a nós.
Lembro-me por exemplo do tempo em que era criança e ainda não sabia andar de bicicleta.
Durante as tardes eu estava empenhado em aprender, e quando no fim do dia minha mãe chegava em casa e me perguntava: E aí? Já conseguiu? Meu maior desejo era poder dizer que sim.
E quando finalmente aprendi, eu estava exultante ao poder contar para ela a novidade.
Ao dizer: Sim, agora sei andar de bicicleta, eu estava dando testemunho da verdade. Um acontecimento real que de fato tinha acontecido.
Se no dia anterior diante da pergunta de minha mãe, eu tivesse mentido e dito que sabia quando ainda não sabia, logo eu teria sido desmascarado pois ela me pediria para mostrar.
A criança tem muita imaginação e é capaz de mentir para por exemplo se livrar de uma bronca ou castigo, mas neste caso seria inútil.
Recapitular o fenômeno da consciência da verdade em contraposição a possível mentira, em relação a fatos reais acontecidos objetivamente transcorridos no tempo, e nossa sinceridade ou falsidade ao confessa-los, é, a meu ver, a maneira mais adequada para se aproximar e abordar o problema da verdade.
Foto: Lagoa da Conceição ao escurecer em Florianópolis, Santa Catarina / SC / Brasil, por Peter Canellov com um Iphone 5s.
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