Brasil – 20 de Novembro de 2022
A análise que faço a seguir independe de ideologia, é uma investigação empreendida desde o ponto de vista de um observador imparcial buscando se aproximar da verdade á luz dos fatos reais.
Durante as manifestações e protestos de 2013, na época da Dilma, o povo brasileiro mostrou sua insatisfação e desejo de mudanças em face da corrupção institucionalizada na política brasileira.
Já estávamos em um processo de revolução contra o sistema político e os chamados "políticos profissionais", aqueles que se especializaram em mamar na verba pública em prol de seus próprios interesses pessoais.
Com o impeachment de Dilma, adveio um período de calmaria e depois com a vitória de Jair Bolsonaro na eleição para presidente, e a saída de cena da esquerda (que era o alvo das críticas na época devido aos escândalos de corrupção), e que permanecera no poder por mais de uma década, instaurou-se certa tranquilidade sem grandes revoltas populares.
Isto significa que a vitória de Bolsonaro foi muito mais uma resposta contra o sistema corrupto do que um movimento de direita, embora a maioria da população em nosso país seja conservadora, não havia em nossa sociedade um movimento organizado de direita, nem sequer um debate entre diferentes visões políticas, e sim uma revolta geral e espontânea.
Todos estavam inconformados com o flagelo de um sistema político institucionalizado há muito tempo que funciona como um mecanismo de poder que não representa nem trabalha alinhado aos interesses do povo, mas aos interesses particulares de enriquecimento e auto-promoção destes mesmos políticos profissionais.
A semente da revolução já estava ali, mas ficou encubada durante os últimos anos, talvez na esperança de que algo pudesse mudar com o novo governo. Neste sentido o fenômeno Bolsonaro funcionou como um apaziguador de ânimos, embora pouca coisa tenha mudado estruturalmente.
Ao mesmo tempo, nestes últimos 4 anos se deu uma espécie de "revolução cultural" da Direita nas redes sociais, e este movimento cresceu muito.
Enquanto a mídia tradicional alinhada a esquerda se esforçava para pintar um quadro negativo na imagem do novo presidente, e perdia cada vez mais audiência, o nojo ao PT e ao socialismo se intensificava nas redes sociais e canais independentes na internet. Isto gerou duas bolhas que se ignoram, não se comunicam entre si, a não ser através de críticas destrutivas.
A pura insatisfação popular se transformou nestes últimos anos em um movimento mais ou menos organizado e a quantidade de pessoas que nutrem total ojeriza a projetos socialistas e principalmente ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva está na casa de milhões.
Se esta análise está correta, a derrota de Jair Bolsonaro agora, longe de ser uma vitória para este sistema e esta classe de políticos profissionais tanto de esquerda como de direita acostumados a sugar sem empecilhos a máquina pública, pode se tornar seu pior pesadelo, já que, na ausência do "apaziguador" (o próprio Bolsonaro), voltamos ao ponto em que estávamos em 2013, com revoltas populares de grandes proporções, com o agravante de que a massa anti-Lula e anti-PT cresceu vertiginosamente.
São milhões de pessoas que fortaleceram seu imaginário absorvendo ideias e conhecimentos na linha, por exemplo, do pensador Olavo de Carvalho que anteriormente sequer existiam. Estes milhões não vão aceitar a volta de Lula de modo nenhum e possuem certeza inabalável na suposta fraude das urnas eletrônicas.
Neste momento já temos aproximadamente 4 milhões de manifestantes em Brasília, até agora protestando pacificamente, mas que podem, de uma hora para outra perder a paciência, e invadir o congresso com objetivo de "botar ordem" na casa.
Eles esperam por intervenção do exército brasileiro para anulação do segundo turno da eleição. O exército espera por uma solução vinda do legislativo que parece paralisado e neste meio tempo as tensões só aumentam.
Já o Judiciário só agrava a situação com medidas duras que longe de ajudar só acirram os ânimos dos manifestantes, por exemplo, censura nas redes sociais, multas estratosféricas contra caminhoneiros, congelamento de contas bancárias de empresas, etc. Tudo isso nos leva a perspectiva de mais greves, paralisações, e o rápido colapso da economia do país.
Antes do golpe ocorrido após os eventos de 1964, a intervenção militar também era apoiada em massa pela população. Naquela época o povo esperava que houvesse novas eleições em pouco tempo. Não foi o que aconteceu e tivemos uma ditadura militar que durou aproximadamente duas décadas. O que acontecerá agora?
Enquanto o povo protesta pacificamente e as Forças Armadas não interferem, espera-se uma atitude do Legislativo, que se encontra paralisado. O Legislativo que representa justamente este sistema carcomido de corrupção precisa urgentemente por a mão na consciência e fazer alguma coisa, para evitar o Caos total.
Infelizmente o nosso parlamento, esta classe de "políticos profissionais" parece estar acovardada, assustada. Depois de tanto tempo acomodados, sofrem agora de letargia. Não conseguem perceber que o país precisa de reformas profundas, as quais não estão dispostos a fazer, pois, para isso, inevitavelmente deverão perder grande parte de seus privilégios.
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Foto: Pequena lagoa formada pelas chuvas e vegetação, na região das dunas da Praia da Joaquina em Florianópolis / Santa Catarina / Brasil. por Peter Canellov com um Iphone 5s.
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